A vasculite induzida por esforço físico (VIEF) é uma condição de vasculite cutânea que se manifesta predominantemente após exercícios prolongados, especialmente em condições de clima quente. Esta condição, apesar de frequentemente subdiagnosticada, não é incomum e apresenta características clínicas distintas que necessitam de maior atenção por parte dos profissionais de saúde.
Este artigo tem como objetivo revisar a literatura atual sobre VIEF, a propósito de um relato de caso, abordando suas características clínicas, patogênese, diagnóstico e opções de tratamento.
Características Clínicas
A VIEF se manifesta tipicamente como placas eritematosas ou púrpuras nas pernas, frequentemente acompanhadas de prurido, dor ou sensação de queimação. A erupção aparece geralmente após atividades como caminhada prolongada, dança, natação ou caminhada em clima quente (Espitia et al., 2016).
Os sintomas desaparecem espontaneamente em cerca de 10 dias, mas as recidivas são comuns quando as condições desencadeantes persistem (Laborde, 2018). São descritos fatores desencadeantes associados ao aparecimento das lesões, bem como fatores que podem atenuar e levar a remissão.
Caso Clínico
Homem com 50 anos, por ocasião de caminhada longa pela península ibérica em pleno verão, notou aparecimento de lesões purpúricas, na pele e membros inferiores referindo prurido e queimação com piora no final do dia. Como antecedentes, o paciente apresenta insuficiência venosa crônica, expresso por varizes e edema (C3) O epicentro das lesões coincidia com o atrito da roupa, repetidamente, com a pele.
Procurou assistência médica sendo inicialmente tratado como erisipela. Com a piora progressiva, foi diagnosticado como VIEF e iniciado tratamento com corticoide tópico e elevação dos membros inferiores com remissão completa dos sintomas e lesão em uma semana.
Patogênese
A patogênese da VIEF parece estar relacionada à estase venosa induzida por uma falha aguda da bomba muscular da panturrilha e à descompensação da termorregulação durante o exercício prolongado em clima quente (Espitia et al., 2016). Histopatologicamente, a VIEF se caracteriza pela presença de vasculite leucocitoclástica, com depósitos de C3 ou imunoglobulina M em muitos casos (Espitia et al., 2016).
Diagnóstico
O diagnóstico de VIEF é predominantemente clínico, baseado na observação das erupções cutâneas após exercício físico. Exames de sangue e testes alérgicos geralmente são negativos, e a biópsia de pele revela vasculite leucocitoclástica (Laborde, 2018).
Tratamento
Não existe um tratamento padronizado para a VIEF. As lesões tendem a se resolver espontaneamente, mas os corticosteroides tópicos podem ser utilizados para aliviar os sintomas. O uso de roupas leves e evitar exercícios em condições de calor extremo podem ajudar a prevenir a recorrência das lesões (Espitia et al., 2016).
Em alguns casos, meias de compressão têm sido sugeridas como medida preventiva, apesar de não haver consenso sobre sua eficácia (Laborde, 2018).
Discussão
A VIEF é uma condição benigna, mas seu diagnóstico é frequentemente perdido ou confundido com outras dermatites ou vasculites. A conscientização sobre esta condição é crucial para evitar investigações desnecessárias e tratamentos inadequados. Estudos adicionais são necessários para melhor compreender a patogênese e estabelecer diretrizes claras para prevenção e tratamento.
A vasculite induzida por esforço físico é uma condição cutânea benigna que ocorre após exercícios prolongados, principalmente em climas quentes. Seu diagnóstico é clínico, e o tratamento não é codificado, sendo focado no alívio dos sintomas e na prevenção de recidivas. A conscientização sobre esta condição pode melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes afetados.
Tratamento para doenças vasculares em Brasília
O Dr. Antonio Carlos de Souza é especialista no tratamento para doenças vasculares no Distrito Federal. Ele é membro titular da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, e o atual Diretor de Patrimônio, além de membro da Comissão Científica. Agende o seu horário.
